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Aposentadoria por invalidez sustenta mulher que vive em estado vegetativo


O ano de 2010 mudou para sempre a vida da segurada Tânia Maria Gomes, 52. Casada, atuante, vivia tranquila ao lado do marido Edmílson Alexandre do Nascimento, 46, e dos dois filhos. Na vida profissional trabalhava como serviços gerais, do Colégio Normal Estadual, um dos mais tradicionais de Afogados da Ingazeira, no Sertão de Pernambuco.

Em junho daquele ano sofreu um aneurisma cerebral que a deixou dependente em todos os sentidos. Não fala, não se movimenta, não conhece ninguém. Vive em cima de uma cama hospitalar sob os cuidados do marido. “Tudo sou eu que faço. O banho é no leito. Era uma mulher ativa em todos os sentidos. Hoje vive assim. Do jeito que deixar ela fica”, explica.

Edmílson é de uma dedicação em tempo integral. Por muito tempo foi agricultor. Quando passou a morar na cidade, trabalhou num abatedouro. Largou o emprego e, desde então os dias e as noites se contam em dedicação e atenção constante. O que sustenta a família é a Aposentadoria por Invalidez acrescida de um adicional de 25% para acompanhante, já que ela necessita de assistência permanente. Nunca procurou outra ajuda. O que ganha da Previdência garante comida, remédios, fraldas descartáveis e de pano, essas últimas lavadas a mão, diariamente. “Esse dinheiro é nosso porto e salvação. Não recebemos nenhuma outra ajuda. Primeiro ela recebeu um Auxílio-doença. Depois de 10 meses veio a aposentadoria”, conta.

São cinco anos em que Tânia está em cima de uma cama. A cadeira de rodas só é usada para um banho, de vez em quando. “Se ela espirrar cai da cadeira porque não é adaptada e ela não se sustenta”, explica. “Hoje essa seria a nossa necessidade. Uma cadeira adaptada, mas sei o quanto é difícil”, lamenta. O único movimento da segurada é no braço direito.

Chama atenção e comove a dedicação que Edmílson tem com a esposa. Abriu mão da própria vida e dos sonhos. Mas não esbanja nenhum tipo de arrependimento. “Sou outro homem hoje. Aprendo a cada dia ser uma nova pessoa, um novo homem, um bom marido, bom pai. Quando a gente faz boas coisas na vida, deixamos nossa marca. Também não abro mão das palavras de Deus, que nos inspira. A bíblia ensina como amar o ser humano.Tem hora que estou cansado e peço a Deus que me dê saúde, para ir com essa luta até o fim. Vejo isso como um teste para a minha fé. Uma missão”, diz.

Se o remédio para a cura fosse o amor, Tânia já estaria fora daquela cama. “Tenho muito amor, mesmo sabendo que ela nem sabe mais quem eu sou. Não reclamo. Deus tem um propósito para tudo na vida”, diz emocionado. E assim pensa esse sertanejo. Leva a crença de que o que acontece na vida de cada um, e que independe de vontade e decisão, faz parte dos grandes mistérios divinos. “Temos que aceitar, entender e tirar uma lição de tudo”, completa. A lição tem sido de amar cada vez mais ao próximo e dar exemplo aos filhos de como ser um bom pai e marido. “Dizem que a gente deixa um legado. O meu é esse”, finaliza. (Denise Martins – ACS/PE)

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