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Aposentadoria rural beneficia agricultora no interior de Pernambuco



No Sertão do Pajeú, na cidade de Afogados da Ingazeira, a 400 km da capital Recife, todo sábado é dia de feira. O movimento começa já pela madrugada quando os carros chegam abarrotados de frutas e hortaliças. Os feirantes, em sua maioria, moram na zona rural. São pequenos sítios onde áreas de 4 hectares se transformam em plantações.

Em um desses recantos, no sítio Rodeador, já beneficiado com energia e água de cisternas, e a 2 km do município, mora dona Maria das Dores Alves da Silva, 55, mãe de um casal e duas netas. A senhora é uma simpatia. E tem a sabedoria de quem lida com a terra desde os 8 anos de idade quando aprendeu a plantar junto com o pai. “Adoro a agricultura. A gente sente uma alegria muito grande em mexer com a terra e falar com as plantas porque elas têm vida, assim como a gente”, diz.

Essa conversa com as plantas, para ela, é um dos segredos de ver tudo crescer viçoso e bonito. “Ah, mas não se pode queimar e nem colocar veneno”, completa. Dona Maria faz parte de uma associação que vende produtos na feira, sem agrotóxicos. A procura já é tanta que é preciso chegar pelas 4 da manhã e, assim, comprar produtos limpos e saudáveis.

Dona Maria guarda embaixo da barraca um café quentinho, daqueles coados e com cheiro de sítio. Os ovos de capoeira ou caipiras tem freguesia certa. A unidade sai a R$ 0,50 e não tem sobra. Tudo que leva é vendido. A atividade na agricultura vinha sendo a única fonte de renda da família. Há cinco meses se aposentou e agora conta com orgulho que é uma aposentada do “INSS”. “Estou muito feliz. Peguei todos os meus documentos que guardei desde os 16 anos de idade. Fui ao sindicato dos trabalhadores rurais e depois na agência. O funcionário fez umas perguntas e com 15 dias chegou a minha carta, graças a Deus”, contou. O dinheiro, que é seguro e pago na data certa, tem ajudado nas despesas. “Pra quê melhor? Estou satisfeita, e muito”, sorri.

Mas, apesar de contar com um benefício mensal, garantido pelos anos de trabalho, a sertaneja não quer sair do ofício. Ela faz parte da Associação Agroecológica do Pajeú ( ASAP), uma iniciativa das famílias agricultoras da região apoiada pelo Projeto Dom Hélder Câmara e Ministério do Desenvolvimento Agrário. É uma agricultura sustentável que conserva os recursos naturais. “Sou muito feliz pelo reconhecimento dos anos do meu trabalho e, ainda bem que posso receber e continuar feliz, aqui na feira, com meus amigos. Somos uma grande família”, destaca. (Denise Martins – ACS/PE)

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