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Próteses avançadas devolvem sonhos a 148 segurados da Previdência Social

Eles formam uma legião de jovens que tiveram uma ou mais partes do corpo amputadas em decorrência de acidentes de trabalho e de transporte, principalmente. Mas, por razões desconhecidas, transformaram a deficiência numa vantagem e o membro ausente em um “terceiro braço”. São pessoas comuns e extraordinárias que, embora deem uma lição diária de humildade e capacidade de adaptação, não se consideram heróis, nem gostam de ser tratados de forma diferente.

“Nosso único diferencial é que, de algum modo, a tragédia nos fez enxergar a potência de superação que todo ser humano carrega sem saber”, explica Francisco Luiz Soares, que aos 25 anos teve a perna amputada em um acidente de moto. Francisco e outros 148 segurados da Previdência Social foram contemplados pela maior concessão de próteses da história da Reabilitação Profissional da Gerência-Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Joinville (SC). Iniciada em fevereiro de 2014, a entrega dos aparelhos foi concluída no início deste ano, devolvendo a autoestima, a mobilidade e os sonhos profissionais a esses trabalhadores.

“Receber a primeira prótese foi como renascer”, resume Wandir Daniel Schünemann, 30 anos, de Mafra. Em 2011, ele teve as duas pernas amputadas devido a uma doença congênita de circulação. Ao voltar do hospital sem os dois membros inferiores e encontrar a casa vazia, sem o carro e outros pertences, descobriu que havia sido abandonado pela mulher. “O problema não foram os bens, mas a minha filha de três anos que ela levou”, lembra o jovem. Foram quase três anos de depressão, apesar do apoio emocional dos pais adotivos.

Francisco cuida do caixa da loja onde trabalha

“Receber a primeira prótese foi como renascer”, resume Wandir Daniel Schünemann, 30 anos, de Mafra. Em 2011, ele teve as duas pernas amputadas devido a uma doença congênita de circulação. Ao voltar do hospital sem os dois membros inferiores e encontrar a casa vazia, sem o carro e outros pertences, descobriu que havia sido abandonado pela mulher. “O problema não foram os bens, mas a minha filha de três anos que ela levou”, lembra o jovem. Foram quase três anos de depressão, apesar do apoio emocional dos pais adotivos.

Wandir se prepara para as Olimpíadas de 2016

O halterofilismo restituiu a sua vontade de viver, embora nem ele acreditasse que fosse possível. Instigado por um treinador que o inscreveu “na marra” no VI Campeonato Catarinense de Levantamento Terra, Schünemann voltou a praticar e venceu na categoria supino, disputando com atletas sem deficiência. Depois de levar medalha de ouro em várias disputas, o campeão se prepara para as Paraolimpíadas de 2016 com as duas próteses de alta tecnologia que recebeu do INSS.

Sempre de bermudas, deixando as pernas mecânicas à mostra, namora, se diverte e leva a carreira de desportista muito a sério. O sorriso e a expressão de ternura, mais evidentes em contraste com a hipertrofia dos músculos, mostram que o passado “não machuca mais”, como ele próprio diz.

As doenças congênitas estão longe de estar entre as causas mais frequentes da perda de membros: 90% dos amputados atendidos pela Reabilitação Profissional do INSS em Joinville e municípios vizinhos são vítimas de traumatismo no deslocamento para o trabalho, 85% dos quais envolvendo acidentes com moto. O aumento acentuado de colisões contra motociclistas fez a procura por próteses no órgão crescer de 32, em 2011, para 141, no ano passado, número que corresponde à demanda acumulada dos dois anos anteriores.


Nildo diz que sua vida melhorou

Com o lote de próteses adquirido em pregão eletrônico, alguns segurados receberam a sua primeira, mas a maior parte já está na segunda, terceira ou quarta prótese. A nova sempre substitui com larga vantagem a anterior, desgastada pelo uso ou defasada em relação às inovações tecnológicas.

Atropelado por um carro em cima da calçada aos 18 anos de idade, o que resultou na amputação da sua perna na altura do fêmur, Nildo Leite, hoje com 54 anos, foi um dos primeiros a entrar no Programa de Reabilitação em Joinville (“sou o número 3”). Ele recebeu a primeira prótese em 1985. “Era pesada, de madeira; muito difícil a adaptação”, lembra. “De lá para cá melhorou muito”.

Na época desempregado, foi encaminhado para diversas vagas pela Reabilitação, e há 11 anos fixou-se na Kavo do Brasil como fosfatizador de peças odontológicas. Por meio da última licitação, Nildo ganhou uma perna com joelho hidráulico monocêntrico, que o permite descer escadas e rampas com passos alternados para evitar quedas e ampliar os movimentos. (Raquel Wandelli – ACS/SC)

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